Livros e Crónicas

Sugestões de Leitura


Autora|: Magda Szabó
Editora|: Dom Quixote


O sonho contínuo com uma porta. O livro é uma espécie de confissão, de erros e silêncios numa relação entre uma escritora e a sua velha empregada, Emerence. Tudo as separa: a idade, as origens, a classe social e o carácter. Nasce entre ambas uma amizade cúmplice e um orgulho partilhado. Há a porta, uma chave confiada, a fé excessiva na amizade e uma traição vil, silenciosa e profundamente cruel. A dignidade, a amizade, a compaixão e a leadade são questionadas neste relacionamento, onde se revela a humanidade de pequenos nadas de todos os dias.



Título|: Anna Karénina
Autor:| Lev Tolstoi
Tradutor|: António Pescada
Editora|: Relógio D’ Água

Na sociedade russa do século XIX, entrecruzam-se duas histórias amorosas num mesmo romance: a de Anna Karénina e de Vronski e da de Lévin e Kiti. O primeiro relacionamento, porque fruto de um adultério, será punido socialmente e terá um desfecho trágico. O segundo casal representa não só a comunhão corpórea, mas também o amor metafísico, baseado no respeito mútuo e na verdadeira partilha da existência. Qual a mensagem moral de Tolstoi? A primeira aliança é fundada apenas no amor terreno que conduz à destruição; a segunda produz a felicidade plena e o crescimento espiritual.


Título|: Travessuras da Menina Má
Autor|: Mario Vargas Llosa
Editora|: Dom Quixote

Ricardo vê concretizar o seu sonho de viver em Paris. Contudo, o reencontro com um amor adolescente mudará todos os seus planos e ambições. Ela, uma jovem, que assume várias identidades e a quem o protagonista denomina «menina má». Ele aguarda as sucessivas aparições do seu único amor. Conjugam-se no romance paixão e distância, sorte e destino, dor e prazer… Afinal, valerá a pena esperar?

Crónica de Daniel Sampaio:




Sugestões de Leitura

Milagrário Pessoal, José Eduardo Agualusa
                                                                                                                     

 “Lara, jovem linguista portuguesa, faz uma incrível descoberta: alguém, ou alguma coisa, está a subverter a nossa língua, a nível global, de forma insidiosa, porém avassaladora e irremediável. Maravilhada, perplexa e assustada, a jovem procura a ajuda de um professor, um velho anarquista angolano, com um passado sombrio, e os dois partem em busca de uma coleção de misteriosas palavras, que, a acreditar num documento do século XVII, teriam sido roubados à “língua dos pássaros”.
Milagrário Pessoal é um romance de amor e, ao mesmo tempo, uma viagem através da história da língua portuguesa, das suas origens à atualidade, percorrendo os diferentes territórios aos quais a mesma
se vem afeiçoando." (da contracapa)

Livro, José Luís Peixoto



“Este livro elege como cenário a extraordinária saga da emigração portuguesa para França, contada através de uma galeria de personagens inesquecíveis e da escrita luminosa de José Luís Peixoto.
Entre uma vila do interior de Portugal e Paris, entre a cultura popular e as mais altas referências da literatura universal, revelam-se os sinais de um passado que levou milhares de portugueses à procura de melhores condições e de um futuro com dupla nacionalidade. Avassalador e marcante, Livro expõe a poderosa magnitude do sonho e a crueza, irónica, terna ou grotesca, da realidade. Através de histórias de vida, encontros e despedidas, os leitores de Livro são conduzidos a um final desconcertante onde se ultrapassam fronteiras da literatura." (da contracapa)


Crónica:" A consequência dos semáforos"


           Odeio os semáforos. Em primeiro lugar porque estão sempre vermelhos quando tenho pressa e verdes quando não tenho pressa, sem falar do amarelo que provoca em mim uma indecisão horrível: travo ou acelero? travo ou acelero? travo ou acelero? acelero, depois travo, volto a acelerar e ao travar de novo já me entrou uma furgoneta pela porta, já se juntou uma data de gente na esperança de sangue, já um tipo de chave-inglesa na mão saiu da furgoneta a chamar-me Seu camelo, já a companhia de seguros me propõe calorosamente que a troque por uma rival qualquer, já não tenho carro por uma semana, já me ponho na borda do passeio a fazer sinais de náufrago aos táxis, já pago um dinheirão por cada viagem e ainda por cima tenho de aturar o pirilampo mágico e a Nossa senhora de alumínio no tablier, o esqueleto de plástico pendurado no retrovisor, o autocolante da menina de cabelos compridos e chapéu ao lado do aviso "Não fume que sou asmático", proximidade que me leva a supor que os problemas respiratórios se acentuaram devido a alguma perfídia secreta da menina que não consigo perceber qual seja.
             A segunda e principal razão que me leva a odiar os semáforos é porque de cada vez que paro me surgem no vidro da janela criaturas inverosímeis: vendedores de jornais, vendedores de pensos rápidos, as senhoras virtuosas com uma caixa de metal ao peito que nos colam autoritariamente sobre o coração o caranguejo do Cancro, os matulões da Liga dos Cegos João de Deus nas vizinhanças de um altifalante sobre uma camioneta com um espadalhão novo em folha em cima, o sujeito digno a quem roubaram a carteira e que precisa de dinheiro para o comboio do Porto, o tuberculoso com o seu atestado comprovativo, toda a casta de aleijões (microcefálicos, macocefálicos, coxos, marrecos, estrábicos divergentes e convergentes, mãos com seis dedos, mãos sem dedo nenhum, mongolóides, dirigentes de partidos políticos, etc.).
            Sem contar o grupo dos Bombeiros Voluntários que necessita de uma ambulância, os finalistas de Coimbra, de capa e batina, que decidiram fazer uma viagem de curso à Birmânia e a rapaziada da heroína que não conseguiu roubar nenhum leitor de cassetes nesse dia.
            Resultado: no primeiro semáforo já não tenho trocos. No segundo não tenho casaco. No terceiro não tenho sapatos. No quinto estou nu. No sexto dei o Volkswagen. No sétimo aguardo que a luz passe a encarnado para assaltar por meu turno, de mistura com uma multidão de bombeiros, de estudantes, de drogados e de microcéfalos o primeiro automóvel que aparece. Em média mudo cinco vezes de vestimenta e de carro até chegar ao meu destino, e quando chego, ao volante de um camião TIR, a dançar numas calças enormes, os meus amigos queixam-se de eu não ser pontual.
António Lobo Antunes, Algumas Crónicas.


Mia Couto lança novo livro Confissão da Leoa



Entrevista com Ondjaki

























































Sem comentários:

Enviar um comentário